PRODUÇÃO DE LEITE, PONTOS-CHAVES PARA UM BOM DESEMPENHO EM LACTAÇÃO

6/11/2020

PRODUÇÃO DE LEITE
PONTOS-CHAVES PARA UM BOM DESEMPENHO EM LACTAÇÃO

A fase de lactação das fêmeas suínas modernas, por serem cada vez mais prolificas, é um desafio. Junto a elevada exigência nesta fase, o consumo de ração normalmente não atinge as exigências da matriz em sua totalidade, fazendo com que as fêmeas apresentem balanço energético negativo e utilizem as suas reservas corporais, entrando em catabolismo lactacional. Para diminuir os impactos nesta etapa e ter um bom desempenho em lactação, várias condições devem ser observadas.

– As matrizes devem ter uma boa condição corporal na entrada na maternidade, com peso e espessura de toucinho dorsal adequada entre 16 a 18 mm. Fêmeas gordas comem menos na maternidade, produzem menos leite e acabam perdendo mais escore corporal durante a lactação. De outro lado, fêmeas com pouca reserva de gordura na entrada na maternidade também produzem menos leite, apesar de comerem bem.

Espessura de toucinho entre 16 a 18mm na chegada à maternidade

– No terço final da gestação, é interessante aumentar a ingestão diária de lisina digestível para 16gr/dia e até 20gr na última semana par melhorar o peso ao nascer, mas excesso de lisina nessa fase pode também ser prejudicial, pois aumenta o risco de edema mamário.

– Deve-se ter bastante cuidado no manejo nutricional das fêmeas no período de transição, da entrada na maternidade ao momento do parto, sendo fundamental garantir um consumo suficiente para a matriz, evitando quadros de constipação e edema mamário. Para isso, se faz necessário o uso de uma alimentação com alta inclusão de fibra (entre 4 a 6% de fibra bruta), com o objetivo de dar saciedade à fêmea, melhorar o trânsito intestinal e garantir um nível glicêmico suficiente para um parto curto e eficiente.

– Na véspera do parto e até o parto, fracionar o arraçoamento em várias vezes refeições por dia, com objetivo de reduzir o intervalo entre a última refeição e o início do parto.

– O consumo de água é outro fator importante para garantir uma boa produção de leite. Considerando que o leite é composto por cerca de 80% de água, estimular o consumo de água já no período peri-parto é de grande importância (cerca de 20 litros por dia a partir de 110 dias de gestação). Além do período pré-parto, a ingestão de água se faz ainda mais importante no pós- parto, sendo que, a partir dos 14 dias de lactação, as fêmeas têm necessidade de consumo diário de água em torno de 30 litros, e a partir de 20 dias, de mais de 40 litros. Para se atingir este consumo de água é necessário levantar as porcas diversas vezes ao dia, além de garantir uma vazão de bebedouro de 3 a 5 litros/minuto.

– Em relação às demandas nutricionais no pós-parto, o consumo de ração diário deve aumentar gradativamente, sendo que um aumento diário entre 0,4 e 0,8 kg é suficiente para cobrir os requerimentos da fêmea nessa fase. O objetivo após a 1ª semana de lactação é atingir mais de 7 kg para as marrãs e mais de 8 kg para as matrizes, respeitando as variações individuais de cada fêmea. Na última semana de lactação, fornecer ração lactação ad libitum.

– Dietas com excesso ou deficiência de lisina e energia metabolizável podem prejudicar o consumo de ração e a produção de leite. Para uma lactação de 21 dias, por exemplo, a matriz deve atingir um consumo médio de energia metabolizável (EM) de 19.000 Kcal / dia e 53 g Lisina digestível / dia; enquanto em uma lactação de 28 dias, o objetivo é alcançar um consumo médio de EM de 21.250 Kcal / dia e 59 g Lisina digestível / dia.

– Para estimular o consumo durante a lactação é importante conhecer o padrão de consumo da porca lactante. As matrizes devem ter o consumo constantemente estimulado. Por esse motivo recomenda-se fracionar de 4 a 6 vezes o arraçoamento, aumentando a quantidade de alimento fornecida nos momentos mais frescos do dia, e se possível, fornecendo ração durante à noite. Ambientes que proporcionem um bom conforto térmico, com temperatura ambiente entre 18 e 21⁰C, favorecem o consumo de ração e melhoram a eficiência na utilização de nutrientes, devido ao reduzido gasto energético para manterem a homeotermia.

– A qualidade e quantidade de tetos viáveis da fêmea é outro fator fundamental para uma boa lactação. Com o aumento da prolificidade promovido pelo melhoramento genético, houve a necessidade também de se aprimorar a capacidade da fêmea desmamar esse aumento de leitões nascidos. Sendo assim, atualmente é muito comum encontrar fêmeas com 8 e até 10 pares de tetas viáveis. No entanto, para garantir uma boa produção de leite em todos os tetos, é necessário estimular o desenvolvimento desses tetos, principalmente nas primíparas. É fundamental que todos os tetos das primíparas sejam estimulados, de forma que, até o décimo dia a fêmea tenha uma quantidade de leitões idêntica ao número de tetos viáveis.

Quando as exigências nutricionais, ambientais e fisiológicas das matrizes em lactação não são alcançadas, diversos impactos na produtividade geral da granja são observados. O principal entre eles é o peso de desmame da leitegada. Leitões desmamados com baixo peso apresentam menor desempenho em creche e terminação. O objetivo de peso de leitegada ao desmame é de 80kg para desmame de 21 dias e de 100kg para desmame de 28 dias. Além do impacto produtivo, os problemas em lactação também podem trazer falhas na reprodução. As principais falhas reprodutivas, resultantes de um acentuado catabolismo lactacional, são um maior intervalo desmame-cio (IDC) e falhas na taxa de ovulação e sobrevivência embrionária na próxima gestação, com a consequente redução do tamanho de leitegada no próximo parto.

Portanto, para se ter um bom desempenho em lactação, com bom peso de leitegada desmamada e boa condição corporal da matriz, é importante atender todos os requerimentos da fêmea, seja do ponto de vista nutricional, ambiente e manejo.

VITOR ALEXANDRE FROGE
ASSISTÊNCIA TÉCNICA – AMÉRICA LATINA

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